A roda era dentada,
Mas o condutor era banguela
(Não é preciso dizer que era
Brasileiro e pobre?!?).
Não seria um acidente grave
Se tivesse socorro imediato...
E correto.
A corrente resolveu partir na hora errrada.
O escroto bate no quadro,
O queixo no parafuso da caneta,
O desequilíbrio e a queda.
Três costelas fraturadas perfuram um pulmão fumante.
A dor cruciante não comove de imediato.
Tumulto entorno do corpo do indigente,
Todos com um pitaco a dar
E um procedimento a tomar;
De qualquer modo, errado.
O mais sensato chama a ambulância.
Com paciência esta chega.
Depois de muito sacolejo é esquecido numa maca
Num corredor de emegência:
Só há um médico de plantão...
Um pediatra.
De início a hemorragia não era grave,
Mas com o tempo...
Esqueceram o torniquete.
Dores. Gemidos em coro em um corredor superlotado.
Faltam leitos, atendimento, tem um analgésico aí?
Expira o indigente. Durou muito:
Sofreu por oito horas.
É encaminhado ao necrotério,
Esperar num saco preto
A sua família esmolar o seu enterro.
Quem sou eu

- Paulo Tavares
- Recife, Pernambuco, Brazil
- Sou um poeta preocupado com as questões da Existência, do Amor, da Cultura,da Filosofia. Sem uma definição exata para ser sincero. Um homem consciente de si e do mundo, das relações estabelecidas entre corpo e alma, das contradições do ser. Um curioso (com uma curiosidade infantil insaciável)! Ariano, de tons marcantes; ora bruto, ora sensível.Sem uma definição exata pra ser sincero.
domingo, 19 de agosto de 2007
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