Quem sou eu

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Recife, Pernambuco, Brazil
Sou um poeta preocupado com as questões da Existência, do Amor, da Cultura,da Filosofia. Sem uma definição exata para ser sincero. Um homem consciente de si e do mundo, das relações estabelecidas entre corpo e alma, das contradições do ser. Um curioso (com uma curiosidade infantil insaciável)! Ariano, de tons marcantes; ora bruto, ora sensível.Sem uma definição exata pra ser sincero.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Passagem

A vida é suave
Expira num expiro
Igual ao dado há um segundo
Um segundo
É o suficiente
A essência abandona a existência
O corpo persiste
Mas não é mais
tudo é muito breve
Leve o ressonar que antecede a partida
Quando a consciência desperta
Para a eternidade.

Escrito em 16/10/07.

Roboboca

A roda é dentada
Mas o pneu é careca
Não tenho aderência
Derrapo na curva
E nessa hora não faz diferença
Se uso correia
Ou corrente
A consistência não entra no processo
É questão de abrasão
Atrito
De dor
Dói a queda
O pneu não é novo
Mas o motor é à combustão
Bombeia energia e põe em funcionamento
A máquina
A máquina
E o que ela sabe fazer?
Queimar o óleo
Escoar o fluído
Azeitar as juntas
Acurar a visão
A visão
Que sempre é tão curta!
Viver de repetição
Viver levando a vida.

Escrito em 16/01/06.

Provinciano

Me afeta tanta afetação
Não preciso falar duas línguas
Para ser um ser humano
Nunca quis ser um cidadão do mundo
Gosto de feijoada e pés descalços
Além do mais
Sobrevivi até aqui sem muito fru-fru
Fruindo com frugalidade o pouco pão
Que a vida me dá
Tenho pernas curtas
Tomo sempre muito cuidado nos passos que dou
Apiedo-me de quem vive aqui
Sonhando lá fora.

Escrito em 27/01/06.

Poema Espartano

O homem é o lobo do homem
A guerra é um grande incinerador
Temo que nada de bom saia dessa fusão
Quem dera ser grego
Voltar com ou sobre meu escudo
Ser recebido como herói
Mesmo por quem chora
Hoje não!
Os deuses não participam das guerras
Bush sabe do que estou falando
O capital é inexorável
Tem passos largos
E vistas curtas
Muita sede
E pouca paciência
Havia um tempo em que a guerra
Era uma alavanca culturalHoje penso que seja um fosso.

Escrito em 13/02/06.

Luar Luares

A lua é uma estrela macilenta
Sua luz argêntea
Ilumina sua face prateada


A lua
Repousa no céu suspensa
Demônios e anjos apascenta
Sob seus luares


Saudades que o poeta recita
Em seio dormita
Todos os seus pesares


A lua
Sonho de um sono profundo
Portal para um outro mundo
Sem nenhum lugares.

Escrito em 17/01/06.

Linha do Horizonte

Ela quer se matar
E não vê que isso é dar um tiro no pé.
Quando saí
Deixei a porta aberta
Não que eu pretendesse voltar
Para que visse a vida
O horizonte
Para que adquirisse o prazer
De querer alcançar o inatingível
O horizonte
Que, sem mim, finalmente,
Alcançasse a paz ausente ao meu lado
Não para que visse a vida passar...
Do chão!

Não creio que cometi tantos erros
Sempre quis te ver maior...
Desilusão!
Ninguém muda ninguém!
Triste verdade
Punhal a me cortar
Que faço eu que (se) ela morre?
Se fenece como a rosa que um dia lhe dei?
Ah! Amor eterno impregnado em pétalas murchas.
Ah, viver descompassado atrelado ao meu que despertou.

Escrito em 17/08/06.

Dor Escondida

A nossa vida é um carnaval
A gente brinca escondendo a dor

Moacyr Franco


Que bom que está chegando o carnaval!
Eu preciso de uma semana de ilusão...
Quem sabe não encontro meu sorriso
Pisado entre os foliões no fim d’alguma ladeira;
Pisado pela alegria!
Não posso mais esconder minhas lágrimas
No anonimato aparente de minha casa,
Quero ocultá-las em meio ao povo,
Com meu sorriso pisado...
Preciso de ilusão!
A vida real fatigou-me a viver a viver a realidade.
Que bom que verei outro carnaval
E terei motivos para sorrir o ano inteiro.
Escrito em 27/01/06.

Ao Portão

Será que ela não percebe
Quão importante é
Cada segundo a mais que fico?
Que não é por pressa
Que com avidez
Sorvo o cálice de teus lábios?
A expulsão imediata
Atira em minha cara
O absurdo de sentir falta
Inda atado em teus braços.
A ausência do caminho
Me faz seguir mentalmente teus passos,
Teu regresso ao lar,
A rua iluminada...
O obscurantismo do futuro
Me faz criar imagens patéticas.
Faço versos emocionados,
Cálidos,
Lubrificados pela lágrima que há de cair.

Escrito em 16/11/06.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Amor Fati

Por que sofre tanto assim?
O que tens nunca será o bastante.
O mundo perfeito é uma utopia!
O mundo gira e a cada volta torna-se diferente;
A perfeição é estática e não cabe aqui.
Amor fati.
Ama-me como sou!
Ama-te como és!

13/02/06